A LUTA PELA PAZ EM RETROSPECTIVA

Guerras entre nações, corridas armamentistas, degradação da natureza e outras situações de tensão marcaram a história da humanidade, em todas as regiões do nosso planeta. Na contramão desses conflitos, sempre houve personagens que dedicaram sua vida a evitar essas situações e se empenharam para construir um mundo melhor. A trajetória desses homens é o tema do livro História da paz, recém-lançado pela editora Contexto.

 

Organizado pelo sociólogo e geógrafo Demétrio Magnoli, da Universidade de São Paulo (USP), o livro reúne textos produzidos por autores como as historiadoras Maria Helena Valente Senise e Elaine Senise Barbosa, os diplomatas Celso Lafer e Marcos Azambuja, o deputado Fernando Gabeira ou o jornalista William Waack, entre outros. História da paz estabelece um diálogo com outro livro anteriormente organizado por Magnoli, História das guerras.

O livro aborda os esforços para alcançar a paz em diferentes períodos históricos, desde o Tratado de Tordesilhas (1494) até situações mais recentes, como o Protocolo de Quioto (1997). O livro mostra como a paz é construída não apenas nos intervalos entre guerras, mas também durante elas, ao contrário do que supõe o imaginário coletivo, que opõe de forma excludente os conceitos de guerra e paz.

Mas o livro organizado por Magnoli não se deixa levar por um discurso que banaliza o real sentido desse conceito. A obra mostra como a paz possível não equivale a uma utópica igualdade entre as nações, mas à estabilidade entre elas. Ao longo de suas páginas, é possível perceber que a paz é resultado de árduas negociações diplomáticas e se faz com acordos entre vencedores e derrotados que nem sempre satisfazem a todos e podem abrir caminho para outras situações de conflito.

Tratados de dominação 
Esse foi o caso do Tratado de Versalhes (1919), que foi assinado entre os protagonistas da Primeira Guerra Mundial e marcou oficialmente o fim do conflito. Esse tratado impôs uma série de condições humilhantes à derrotada Alemanha – como a perda de suas colônias e o pagamento de duras indenizações pelos prejuízos causados na guerra – que, mais tarde, contribuíram para a ascensão do nazismo no país. Assim também foram os chamados “tratados imperialistas”, que impuseram a dominação européia sobre África e Ásia.

Mas o livro também relata situações em que a segurança do mundo esteve à frente dos interesses das nações, como a assinatura da Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), o Tratado de Não-Proliferação Nuclear (1968) e o Protocolo de Quioto.

O tom acadêmico de alguns artigos pode frustrar o leitor com menos conhecimentos teóricos sobre história e ciência política, mas não compromete a leitura. História da paz é um livro fascinante, principalmente para aqueles que desejam entender como se configurou o mundo em que vivemos. Os autores mostram como foi e é realizado o trabalho de pessoas que fizeram a diferença para construir a civilização atual e mostram que, apesar de muito difícil, o caminho da paz é possível.

Fonte: http://cienciahoje.org.br/acervo/a-luta-pela-paz-em-retrospectiva/