A SUPERFICIALIDADE DA LEITURA NA ERA DIGITAL

 

Escritor americano critica a superficialidade da internet e alerta para a perda de foco

 
Nicholas Carr, escritor e crítico da superficialidade na internet: tendência geral é ficarmos ainda mais dispersos na rede Crédito: Eliária Andrade
Nicholas Carr, escritor e crítico da superficialidade na internet: tendência geral é ficarmos ainda mais dispersos na rede Crédito: Eliária Andrade

SÃO PAULO. Escritor, ex-editor-executivo da revista "Harvard Business Review" e professor do Massachusetts Institute of Technology (MIT), Nicholas Carr adora colecionar polêmicas. Em dois livros - "The Big Switch: Rewiring the World, from Edison to Google" e "IT doesn't Matter" - ele chama a atenção para a inutilidade das equipes de Tecnologia da Informação (TI) nas empresas e defende a tese da computação em nuvem, na qual as empresas não mais serão donas de softwares e bancos de dados - administrados por equipes de TI - e tudo ficará hospedado no ciberespaço. 

 

Em um artigo publicado em 2008 na revista "The Atlantic", ele perguntava se o Google estava nos tornando estúpidos. Recebeu uma saraivada de críticas em seu blog, "Rough Type". Afinal, ele insinuava que as distrações multimídias da internet serviam a tudo, menos ao conhecimento, porque limitavam seriamente nossa capacidade de atenção e foco (e, consquentemente, de aprendizado).

Semana passada, Carr esteve no Brasil para o Info Summit 2010. Em pauta, o seu novo livro - "The Shallows: What the Internet Is Doing to Our Brains" (algo como "Os superficiais, o que a internet tem feito com nossos cérebros"), em que desenvolve o artigo da "Atlantic" e defende a tese de que a internet pode, sim, emburrecer e dificultar o aprendizado, logo ela que chegou a ser considerada a revolução na área educacional. Após o evento, escritor falou com exclusividade ao GLOBO.

No livro "Where good ideas come from" ("De onde vêm as boas ideias"), o escritor Steven Johnson afirma que o ambiente caótico da internet e suas conexões são fundamentais para a inovação e ainda ajudam as pessoas a serem mais criativas. Em seu novo livro, "The Shallows" ("Os superficiais"), o senhor afirma que a internet e o excesso de informações sem profundidade que ela despeja nas pessoas estão encolhendo nossa capacidade de pensar. Quem está correto, afinal?