RISCOS SOCIOECONÔMICOS E AMBIENTAIS: QUAL O PREÇO DO DESENVOLVIMENTO?

TEXTO I

Vários crimes contra a natureza são dolorosamente memoráveis. O primeiro a chamar atenção mundial foi a destruição da bomba atômica em Hiroshima e Nagasaki, no Japão, que matou pelo menos 150 mil japoneses e deixou o ambiente radioativo por décadas. Outra tragédia nuclear, a explosão de um reator na usina de Chernobyl, na Ucrânia, em 1986, tirou a vida de 10 mil pessoas e afetou milhares de quilômetros de mata nativa.

Há ainda tristes lembranças como o derramamentos de óleo no mar do Alasca, em 1989, e na costa espanhola, no ano passado, além do vazamento de gases tóxicos em Bhopal, na Índia, em 1984, considerado o pior acidente químico da história.

Em nosso mosaico de desastres ecológicos, entraram fatos causados pelo homem que provocaram grande dano à natureza em um curto espaço de tempo.

“São catástrofes sérias por causa das perdas de vidas, mas são desastres pontuais. As verdadeiras tragédias ambientais ocorrem durante décadas e destroem ecossistemas locais”, afirma a naturalista Dejanira de Franceschi de Angelis, professora da Universidade Estadual Paulista (Unesp) de Rio Claro (SP). Exemplos disso são o avanço do buraco na camada de ozônio ou do efeito estufa, que podem comprometer a vida no planeta.

Há ainda o desmatamento das florestas brasileiras. Nos 503 anos de colonização, a Mata Atlântica perdeu 93% de sua cobertura original. Em um tempo bem menor – cerca de 30 anos – sumiram 20% da área da Amazônia e 80% do cerrado. “Esse último ecossistema deve levar milhões de anos para se recompor”, diz o biólogo José Maria Cardoso da Silva, da ONG Conservation International.

Disponível em: Mundo Estranho)

TEXTO II

Não é inesperado o que aconteceu em Mariana. Primeiro, pelos alertas dados pelo Ministério Público de Minas Gerais e por especialistas. Segundo, porque a mineração é uma atividade altamente agressiva e de elevado risco ambiental. A Vale está fazendo furos e deixando rejeitos em Minas Gerais há 70 anos. Não pode, diante de um desastre dessa proporção, soltar uma nota lacônica como se não fosse sua obrigação agir imediatamente.

A atividade mineradora no mundo inteiro tem uma série de procedimentos já consolidados ao longo do tempo para prevenir e mitigar desastre. Neste caso, se vê a cada novo passo da investigação que as empresas foram displicentes na prevenção e não demonstraram ter um plano de ação preparado para o caso de desastre. Prevenção e mitigação de danos é o mínimo que se pode exigir de uma empresa que lida com atividade de alto risco.

Disponível em: Blog da Miriam Leitão, O Globo.

TEXTO III

TEXTO IV

“Foi um acidente” — dizem. Acidente é quando o freio falha e um carro bate contra outro. Acidente é quando alguém escorrega numa casca de banana e cai de costas. Grandes desastres ambientais, como os que ocorreram em Chernobyl, Fukushima, Bhopal ou em Minamata, não são acidentes. São o resultado quase inevitável de políticas públicas equivocadas ou de estratégias privadas gananciosas, ou de ambas as coisas.

Impressionou-me o depoimento de uma mulher do povo Krenak: “O rio já sabia que ia ser morto”, disse ela: “Quando a sujeira veio, ele foi subindo chorando, fazendo barulho. E minha mãe chorando junto”. Se o rio conhecia o seu destino, quem o matou também deveria conhecer — e com décadas de avanço.

Disponível em: Coluna José Eduardo Agualusa, O Globo.

Fonte: https://descomplica.com.br/artigo/tema-de-redacao-desastres-ambientais-and8211-qual-o-preco-do-desenvolvimento-t5am8/47X/