A REVOLUÇÃO DAS RELAÇÕES PESSOAIS DO SÉCULO XXI

TEXTO I

Hi, I’m here.

Essa é a primeira frase dita pelo sistema operacional Samantha (voz por Scarlett Johansson). A simples saudação anima, pois parece fazer referência ao curta-metragem lançado por Spike Jonze em 2011 chamado “I’m here”. Nele, Jonze nos faz imergir em uma história onde a relação homem-máquina transcende a função instrumental, apresentando-nos a dois robôs que se apaixonam e nutrem um sentimento tão forte que o ato de doar-se para o outro é feito sem hesitar.

No curta, o diretor coloca em questão se os seres lógicos construídos com chips e peças possuem mais sentimento e amor ao próximo do que os feitos de carne e osso. Contudo, em Her, o diretor faz absolutamente o contrário, exibe um relacionamento que parecia ser improvável e que vai além da relação entre o homem contemporâneo e a tecnologia. […]

Embora criados para facilitar a vida humana, o personagem principal utiliza a tecnologia para tornar mais fácil a convivência consigo mesmo. Uma vez que estava carente de perspectivas de vida, apaixonar-se pela voz de seu computador não parecia tão ilógico. Ainda mais quando é uma voz como a de Scarlett Johansson. Entretanto, uma descrição grossa e curta sobre o filme, reduzindo-o em “uma história de um homem que se apaixona por uma versão ultra tecnológica da Siri” é injusta e não compreende as reflexões presentes no contexto.

Esse conceito bruto pode até ter sido o ponto de partida de Spike Jonze ao pensar em Her. No entanto, sua mise en scene é construída de tal forma que um romance entre homem e máquina soa lúcida e porque não possível? Como uma ode a Annie Hall, eles tentam adivinhar as vidas de pessoas aleatórias e o piquenique com os amigos de Theodore que acham Samantha uma ótima companhia são exemplos de cenas em que acreditamos nessa possibilidade.

“NOSSO MUNDO É CADA VEZ MAIS AMÁVEL, ESPECIALMENTE EM LOS ANGELES. NO ENTANTO, CADA VEZ UM SE SENTE MAIS ISOLADO E SÓ. NO FILME, NÃO SE SABE MUITO BEM SE ESSE FUTURO É UTÓPICO. MAS ACHO QUE NOSSA SOCIEDADE TENDE A ISSO. E, APESAR DE TUDO O QUE PRECISA, SENTE-SE CADA VEZ MAIS SÓ”

Spike Jonze

Disponível em: http://lounge.obviousmag.org/alpendre/2014/01/her-o-novo-filme-de-spike-jonze.html#ixzz51GEVZMVB  Acesso em 14 dezembro 2017.

TEXTO II

Para Primo (1997), a tecnologia tem a capacidade de modificar a sociedade. Assim como a internet revoluciona a comunicação humana, criando comunidades mesmo sem proximidade física. “A comunicação humana pode definir-se como interação social através de mensagens ou como processo pelo qual as relações humanas existem”, (Alves, s.a., p. 1068). As relações humanas podem ser classificadas de duas formas: por contato primário ou direto e por contato secundário ou indireto. A primeira corresponde a um tipo de relação fisicamente presencial, face-a-face. À segunda as relações sem contato físico, normalmente mediadas por computador. A comunicação molda a cultura porque “nós não vemos … a realidade … como ‘ela’ é, mas como são nossas linguagens. E nossas linguagens são nossas mídias. Nossas mídias são nossas metáforas. Nossas metáforas criam o conteúdo de nossa cultura”, (POSTMAN apud CASTELLS, 1999, p. 354). Se a cultura é modificada pela comunicação, a alteração destes meios acarreta em quais mudanças sociais? Muito mais do que uma troca de mensagens, a comunicação vai além de uma linguagem. Marcondes (1948) coloca como um espaço de troca de informações, sensações e vivências com o outro. Sendo hoje realizada por meio de aparelhos e máquinas eletrônicas, o autor também revela que “as tecnologias tentam artificialmente reagregar um mundo de contatos humanos que na prática já está totalmente rarefeito, pulverizado”.

Disponível em: http://www.esocite.org.br/eventos/tecsoc2011/cd-anais/arquivos/pdfs/artigos/gt007-interferenciado.pdf Acesso em 14 dezembro 2017.

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