“Inicia-se o século XXI com forte componente do risco, vivenciando uma crise caracterizada por incertezas nevrálgicas a nível mundial e local, onde o crescimento demográfico, as modificações dos conceitos de soberania, a intensificação da necessidade de proteção aos direitos, os efeitos ambientais resultantes do modelo de desenvolvimento, o abalo dos mercados financeiros e a turbulência econômica recente trazem reflexos jurídicos e sociais evidentes, o que indica ponderações profundas a respeito da chamada globalização e suas intensas influências em todos os ramos, inclusive em sua manifestação sócio-antropológica da criminalidade.
Um dos efeitos da globalização diz respeito à modernização, organização e internacionalização do crime que, de forma imediata ou decorrente, ameaça o Estado de Direito Democrático ao explorar suas deficiências, corromper sua estrutura, preencher lacunas sociais e usurpar suas funções, transformando-se em verdadeiro, palpável, presente e atuante poder paralelo não legítimo.
A sociedade em risco gera, assim, a sociedade da insegurança e da sensação de impunidade onde o crime organizado em suas diversas modalidades, ao promover a circulação de pessoas, capitais e mesmo empresas em escala global com o intuito de favorecer a garantia dos lucros provenientes de outras práticas ilícitas, com o alcance de vítimas em todos os continentes e extratos sociais, coloca todos a bordo de perigo real e globalizado, pelo que é intuitiva a necessidade de uma atuação conjunta de combate, vigilância e prevenção.”
Fonte: https://journals.openedition.org/pontourbe/1752
Um em cada três presos no país responde hoje por tráfico de drogas. Os dados inéditos, obtidos pelo G1 junto aos governos estaduais e tribunais de Justiça e referentes a este ano, mostram uma mudança drástica no perfil dos presos brasileiros em pouco mais de uma década. Se antes as cadeias estavam lotadas de condenados por crimes contra o patrimônio, como roubo e furto, agora elas abrigam milhares de pessoas que respondem pelo crime de tráfico – parte delas ainda sem julgamento.
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O boom de presos por tráfico ajuda a explicar a superlotação dos presídios no país. Há hoje 668,2 mil presos para 394,8 mil vagas, como mostra outro levantamento do G1. Nesta quarta (1), o ministro do STF Luís Roberto Barroso defendeu a legalização das drogas como forma de frear o aumento da população carcerária.
PRESOS POR TRÁFICO DE DROGAS