INSTRUÇÃO: A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema: ""Leite humano e pronome neutro": a língua pode provocar exclusão social?"

 

Texto I

 

Em setembro, Rosa Laura, ativista da causa trans, não binária, gravou um vídeo em seu Instagram explicando como utilizar a linguagem neutra no dia a dia. O vídeo rapidamente viralizou, tanto pelo didatismo de Rosa Laura quanto pela revolta de usuários das redes sociais que consideraram a proposta um capricho do ativismo trans. Em Portugal, o tema também está quente: o Ministério da Defesa, em 18 de setembro, produziu uma diretiva que recomenda o uso de linguagem neutra e inclusiva em certidões e registros civis. Em vez de "nascido em", usar "data de nascimento"; em vez de "os políticos", usar "a classe política".

A linguagem neutra, ou linguagem não binária, não é obrigação imposta por nenhum movimento da causa LGBTQI+, mas uma discussão que propõe uma modificação na língua portuguesa para incluir pessoas trans não binárias, intersexo e as que não se identificam com os gêneros feminino e masculino. A ideia é criar um gênero neutro para ser usado ao se referir a coletivos ou a alguém que não se encaixa no binarismo. Para além do universo preto-no-branco das redes sociais, essa discussão vem crescendo nos últimos anos entre acadêmicos de linguística e estudos de gênero. Uma crítica comum é a dificuldade em implementar esse sistema na língua portuguesa e seus efeitos na aprendizagem e alfabetização. Afinal, por que a linguagem neutra é considerada tão importante, e qual seria o problema em adaptar a língua portuguesa para incluir uma parcela inviabilizada da população?

A proposta de criação de um gênero neutro na língua portuguesa e de mudanças na forma com que nos comunicamos nem sempre é aceita, e costuma ser vista como "capricho". Para Monique Amaral de Freitas, doutoranda em Linguística pela USP (Universidade de São Paulo), apresentadora do podcast "Linguística Vulgar" e colunista no blog "Cientistas Feministas", o debate está longe de ser irrelevante.

"Há dois problemas com esse tipo de afirmação. O primeiro é que ela pressupõe que a língua seria apenas um reflexo da sociedade, o que, a esse altura, no campo das ciências da linguagem, já sabemos que não é verdade. A relação entre língua e sociedade não é de mão única. As coisas que dizemos são, por elas mesmas, ações no mundo, elas têm consequências. O segundo problema é que refletir sobre a linguagem não nos impede de agir a respeito de outras questões", explica. A implementação da linguagem neutra seria uma forma de inclusão de grupos marginalizados, acredita Jonas Maria, de São Paulo, criador de conteúdo LGBTQI+ e graduado em Letras.

 

Fonte: https://tab.uol.com.br/linguagem-neutra-proposta-de-inclusao-esbarra-em-questoes-linguisticas.htm

 

Texto II

 

O Hospital Universitário de Brighton e Sussex, no Reino Unido, divulgou uma cartilha com recomendações para que a equipe de obstetrítica adote uma linguagem mais inclusiva para a  comunidade trans. Algumas das sugestões do documento é substituir "leite materno" por "leite humano", "mãe" por "pessoa que amamenta" e falar "mulher ou pessoa" sempre que possível. A "ala da maternidade" também teve o nome substituído por "serviços perinatais".

O hospital é o primeiro no país a implementar formalmente uma política para inclusão de pessoas trans no atendimento obstrético. O documento diz: "A identidade de gênero pode ser uma fonte de opressão e desigualdade no acesso a serviços de saúde. Estamos usando conscientemente as palavras 'mulher' e 'pessoa' juntas para deixar claro que estamos comprometidos a mudar esse cenário. Também, reconhecemos que atualmente há um essencialismo biológico e transfobia presentes nos discursos do parto. Nos esforçamos para proteger nossos pacientes trans e não binários de perseguições por causa de terminologias, reconhecendo o impacto significativo que isso pode ter no bem-estar psicológico e emocional".

Já em uma postagem no twitter, o Hospital escreveu: " Queremos que todos que usam nossos serviços se vejam refletidos na linguagem que usamos. Isso significa não apenas mulheres grávidas, mas também grávidas trans e não binárias. Nossa abordagem para a linguagem é inclusiva ao invés de neutra."

 

Fonte: https://revistacrescer.globo.com/Saude/noticia/2021/02/hospital-no-reino-unido-recomenda-mudancas-na-linguagem-da-equipe-de-obstetricia-para-incluir-pessoas-trans.html