INSTRUÇÃO: A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema: "O fanatismo como ferramenta de retrocesso"

 

Texto I

 

É entendido como fanatismo um estado psíquico de devoção cega, rígida e irracional por alguma coisa ou tema. O fanático defende suas causas com tanto fervor que, por vezes, flerta com o delírio, ficando impossibilitado de ouvir argumentos opostos ou entabular diálogo saudável com quem não coadune com a sua premissa. Algumas características são observadas nos fanáticos, tais como: agressividade, preconceito, dificuldade em escutar, ódio, visão maniqueísta, estreiteza mental. 

Vejamos alguns tipos de fanatismos: 

Fanatismo religioso – Pessoas que acreditam que o que é bom para elas é ideal para a humanidade. Tentam emplacar suas crenças forçadamente sob a justificativa de missão divina. Não escapa parente, amigo, colega de trabalho, vizinho ou cônjuge. Aliás, muitas amizades e casamentos são desfeitos em função dessa diferença. Quem não comunga da crença do fanático, não lhe interessa nenhum tipo de vínculo – um radicalismo contraditório, que por vezes culmina em mortes, e que em nada tem a ver com paz, que em tese, a fé deveria promover. 

Fanatismo artístico – Uma obsessão exagerada por alguma figura pública. Casos mais graves podem chegar à chamada “síndrome de adoração a celebridade” onde o fanático acredita que é correspondido e se comunica secretamente com o seu ídolo. Na sua fantasia essa comunicação pode acontecer através de sinais, afinidades, gestos. Um delírio de relação fictícia onde eles se sentem preparados para matar ou até para morrer. 

Fanatismo esportivo – Nesse quesito, o futebol ganha maior destaque. A paixão desenfreada pelo clube gera atrito, inimizade, brigas e até morte. Haja vista a violência nos estádios entre torcidas e torcedores. Em nome do time não se mede esforço: gasta-se o dinheiro que não tem, cumpre-se promessas insólitas, chora-se copiosamente a derrota e perde-se um campeonato como se tivesse perdendo um ente querido. Uma dor quase física. 

Fanatismo político – A adesão cega a uma legenda ou a devoção a um político faz com que esse tipo de fanático perca seu bem estar em razão da sua causa. Defendem a democracia, mas negam imediatamente a democracia de quem pensa diferente. O fanatismo político existe não é de hoje, talvez esteja percebido com mais nitidez na atualidade, mas quantos casos de amigos que viraram inimigos em função da política? Muitas vezes a amizade não se recupera, já os então ídolos rivais, em outro momento, se tornam colegas de partido unidos em prol de uma mesma candidatura. Ideologia elástica muito comum em políticos. 

O psicólogo social e pensador francês Gustave Le Bon (1841-1931) já havia observado o comportamento das pessoas que se unem em grupos formando uma espécie de mentalidade única irracional, sob a qual, em seu livro “Psicologia das Multidões”, escreveu: “Nas grandes multidões, acumula-se a estupidez, em vez da inteligência. Na mentalidade coletiva, as aptidões intelectuais dos indivíduos e, consequentemente, suas personalidades se enfraquecem”.

 

Fonte: https://www.hojeemdia.com.br/opini%C3%A3o/colunas/simone-demolinari-1.334203/um-pouco-sobre-o-fanatismo-1.393347

 

Texto II

 

O pensador italiano Norberto Bobbio (1909-2004) definiu o fanatismo como sendo “uma cega obediência a uma ideia, servida com zelo obstinado, até exercer violência para obrigar outros a segui-la e punir quem não está disposto a abraçá-la”. Bobbio aduz que o fanatismo está geralmente ligado ao dogmatismo, isto é, a crença num sistema de verdades que, uma vez aceito, não deve mais ser posto em discussão, nascendo aí o sectarismo e o ódio aos que pensam diferente.

O poeta e dramaturgo francês Voltaire (1694-1778), em seu Dicionário Filosófico, disse que “o mais detestável exemplo de fanatismo é aquele dos burgueses de Paris, que correram a assassinar, degolar, atirar pelas janelas, despedaçar, na noite de São Bartolomeu, seus concidadãos que não iam à missa”. Voltaire ainda lembra que “de ordinário, são os velhacos que conduzem os fanáticos e que lhes põem o punhal nas mãos: assemelham-se à lenda do Velho da Montanha, que fazia os imbecis gozar as alegrias do paraíso e, em troca, lhes prometia uma eternidade desses prazeres caso assassinassem a todos indicados por ele”.

 

A partir do século XX, a implantação dos sistemas totalitaristas na Rússia, na Itália e na Alemanha se sustentou pelas campanhas maciças de convencimento deletério das multidões. O slogan político de Mussolini era “crer, obedecer e lutar”, mas o que mais impressiona foi o fanatismo nazista de triste memória que deixou marcas indeléveis na humanidade. Até hoje, o fanatismo ainda se alimenta do suporte religioso, porém aquele que advém dos campos políticos também é terrível e nefasto [...]

 

Fonte: https://www.jornaldocomercio.com/site/noticia.php?codn=185062