INSTRUÇÃO: A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema: "O desafio de combater epidemias no Brasil"

 

Texto I

 

Febre Amarela (a partir de 1850)

A primeira epidemia que atingiu o Brasil foi a de febre amarela, com um grande surto no Rio de Janeiro em 1850. Em 1889, grande parte da zona cafeicultora paulista também foi afetada pela doença, que, além da febre e da pele amarela, causa calafrios, dores musculares e pode levar à morte.

Dessa forma, a enfermidade era vista como a grande vilã do País, porque atacava tanto o campo quanto a cidade e afetava o comércio de café, que era muito importante. Na época, não se sabia que doenças como essa poderiam ser causadas por um vírus nem que a febre amarela era transmitida por um mosquito, e não entre pessoas. Apenas no fim do século 19 essas descobertas foram feitas e ajudaram na luta contra a doença. O combate à febre amarela influenciou o desenvolvimento da medicina e da ciência no Brasil, além de moldar o crescimento das cidades, no início do século 20, com medidas para evitar a disseminação do mosquito.

Gripe Espanhola (1918)

Com o surgimento da covid-19, a pandemia de 1918 voltou a ser assunto, já que as duas situações apresentam semelhanças. Assim como em 2020, o uso de máscaras era obrigatório, e medidas de distanciamento social foram adotadas para conter a doença. Aulas foram suspensas, eventos foram cancelados e locais de trabalho foram fechados em várias cidades.

No início da pandemia, como conta um artigo publicado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) sobre o assunto, as autoridades brasileiras não deram importância para as notícias vindas de Portugal e acreditaram que a doença não chegaria ao País. Porém, até o fim daquele ano, mais de 14 mil mortes foram registradas apenas no Rio de Janeiro. Relatos da época dizem que havia tantos doentes que faltavam pessoas até para enterrar os mortos. Um dos casos mais notórios foi o do presidente eleito, Rodrigues Alves, que morreu antes de assumir o mandato.

A situação começou a ser revertida quando o médico Carlos Chagas foi convidado pelo então presidente, Venceslau Brás, a assumir o combate à gripe. Ele criou cinco hospitais e mais de 20 postos de atendimento à população em toda a capital.

Varíola (início do século XX)

Como explica um artigo da Fiocruz, a vacina contra a varíola já existia há mais de 100 anos e era obrigatória pela legislação brasileira, porém a lei não era praticada. Tendo em vista o alto número de internações pela doença (1,8 mil em 1904), o médico Oswaldo Cruz motivou o governo a implementar a obrigatoriedade da imunização na prática.

Por fim, podemos citar os surtos de peste bubônica, que, com a febre amarela e a varíola, foi uma das três principais doenças a atingir o Brasil na virada do século 19 para o século 20 e estimular o desenvolvimento da medicina no País.

 

Fonte: https://summitsaude.estadao.com.br/

 

Texto II

 

Sua extensão de 8,5 milhões de quilômetros quadrados, além das desigualdades sociais e regionais, tem como consequência grandes distâncias entre as pequenas cidades do interior - com poucos recursos para tratamentos da doença - e as capitais e grandes centros urbanos, onde estão os principais hospitais e o maior número de equipamentos e profissionais da área médica.

Nas regiões onde há pouca oferta de leitos e respiradores, por exemplo, os pacientes graves precisarão ser encaminhados para outras cidades, algumas a até 200 km de distância, que ofereçam o tratamento necessário.

O virologista Paulo Michel Roehe, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), diz que, naturalmente, um país do tamanho do Brasil tem o controle de qualquer enfermidade, de caráter epidêmico ou não, prejudicado.

"Tudo é longe para quem está fora dos grandes centros", explica. "Postos de saúde, assistência médica, acesso a medicamentos, hospitais adequados, laboratórios para diagnóstico e tudo o que se refere à saúde é complicado para quem está distantes dos municípios maiores. Então, para estas pessoas, o acesso a assistência vai sempre ser difícil."

Para a pesquisadora Margareth Portela, da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), os desafios no combate à covid-19 são a necessidade de enfrentar dificuldades diferentes em cada local e trabalhar sobre múltiplas estratégias.

A historiadora Anny Jackeline Torres Silveira, da Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP), pensa de maneira semelhante. "A extensão do país interfere na capacidade de ação das autoridades na tentativa de controlar a expansão e o impacto da doença", diz.

O gigantismo do Brasil não é, no entanto, o único problema que dificulta o controle da epidemia no país. O médico Expedito José de Albuquerque Luna, da área de epidemiologia e controle das doenças transmissíveis do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo (USP), aponta ainda "a diferente distribuição da população e da riqueza entre as distintas regiões brasileiras".  

"A distribuição dos recursos médico-sanitários acompanha a da riqueza", explica. "Há maior concentração de profissionais de saúde e de equipamentos (hospitais, laboratórios, leitos hospitalares e de UTI) nas regiões mais ricas. E dentro de cada uma a distribuição também é desigual, com recursos se concentrando nas cidades maiores."  

De acordo com geógrafa Luiza Losco, doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Demografia, da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o maior problema para o controle da covid-19 no Brasil são as profundas desigualdades regionais, encontradas na extensão territorial do país, com os recursos financeiros e econômicos e de saúde concentrados em poucos municípios.   "Os três que apresentam maior número de leitos se encontram na região Sudeste: São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte", diz.

 

Fonte: https://www.bbc.com/. Adaptado