INSTRUÇÃO: A partir da leitura dos textos motivadores e com base nos conhecimentos construídos ao longo de sua formação, redija texto dissertativo-argumentativo em modalidade escrita formal da língua portuguesa sobre o tema: "As manifestações de violência nos estádios brasileiros de futebol"

 

Texto I

 

No Brasil, em 2017, foram registrados mais de 100 episódios violentos relacionados ao futebol, com pelo menos 11 torcedores mortos em decorrência desses conflitos. Em muitas dessas situações, uma figura recorrente é a das torcidas organizadas, o que motivou cientistas a investigarem qual o papel dessas entidades nos episódios violentos. A conclusão foi que a violência está relacionada a uma intensa coesão social entre os membros das torcidas, associada à percepção de que estão constantemente sob ameaça.

A violência nos estádios de futebol é um problema global e, há décadas, vem sendo atribuída ao desajustamento social dos torcedores que se envolvem nas brigas, isto é, a uma dificuldade extrema que eles teriam de lidar adequadamente com outras pessoas. Porém, uma pesquisa realizada com mais de 400 torcedores brasileiros, dos quais cerca de 45% afirmaram pertencer a torcidas organizadas, mostrou que há relação entre o sentimento de pertencimento de grupo e o envolvimento com brigas. O trabalho foi publicado na edição de junho da revista científica Evolution and Human Behaviour.

Os participantes – todos homens – responderam questionários sobre seus níveis de desajustamento social, disposição em brigar ou morrer por companheiros de torcida e fusão de identidade com o grupo. Na psicologia social, fusão de identidade é o termo que descreve como uma pessoa pode se identificar tanto com um grupo (sua família, seu partido político ou companheiros de religião e torcida, por exemplo) a ponto de se sentir um só com eles.

No estudo, quase 42% dos membros de torcidas organizadas afirmaram já ter se envolvido em situações de violência física no estádio. Entre os torcedores que não fazem parte das torcidas organizadas, o índice foi de 12,4%. Mas, ao contrário do esperado, não foram encontradas evidências de que o desajustamento social estivesse relacionado ao comportamento violento, nem de que os membros das torcidas organizadas fossem mais desajustados socialmente do que os demais.

Pelo menos dois mecanismos podem explicar por que a intensa fusão de identidade entre membros de torcidas organizadas está relacionada à maior prevalência de comportamento violento. O primeiro é a percepção de invulnerabilidade pessoal e do grupo, que parece ser alta entre esses torcedores. O segundo: as torcidas organizadas vivem em permanente sensação de que estão sendo ameaçadas pelas rivais, o que favorece o comportamento agressivo de seus membros. “Um indicativo disso é que a violência parece ser direcionada a membros de torcidas organizadas rivais, e não a policiais ou a outros torcedores em geral”

 

Fonte: https://www.rededorsaoluiz.com.br/. Adaptado.

 

Texto II

 

Embora o futebol tenha surgido antes da Segunda Guerra Mundial e as pessoas já torcessem por seus times naquela época, as primeiras manifestações de torcidas organizadas surgiram no pós-guerra. Em Portugal, as torcidas passaram a existir no final doas anos 1970, tendo seu auge na década de 1980. O comportamento era diferente dos hooligans ingleses.

No Brasil, a primeira torcida organizada a surgir foi a Gaviões da Fiel, em 1969. União de três antigas torcidas organizadas, a Mancha Verde surgiu em 1983. A finalidade na época era acabar com a “fama de covarde que atormentava os brigões palmeirenses” (Idem). Um dos grandes objetivos das torcidas uniformizadas, segundo Cunha, é ser respeitada. Ele ainda afirma que “as torcidas usam slogans que incitam a violência. A Torcida Jovem do Flamengo denomina-se ‘O Exército Rubro-Negro’ e tem um tanque de guerra como símbolo, se dividiu em pelotões, ou seja, grupos espalhados em diversos pontos do Grande Rio” (Idem).

Outros exemplos que ele cita são as outras grandes torcidas do Rio de Janeiro. “A Força Jovem do Vasco formou suas Famílias, buscando inspiração na velha máfia italiana. Existem outras, como: Núcleos de Young Flu (Fluminense), Esquadrões da Jovem do Botafogo e Comandos da Raça Rubro-Negra (Flamengo)” (Idem).

Mas o fenômeno da violência de torcidas não é apenas no Rio de Janeiro. Em São Paulo, a situação é idêntica. Cunha cita uma entrevista dada por um membro da Independente, onde ele diz "Com torcidas, não tem aquele negócio de discutir para depois brigar. Encontrou o inimigo, é porrada" (Idem). Outro fator que também explica o espírito de violência dos membros das torcidas é o “batismo” de um novo membro da torcida, conforme reportagem do O Estado de S. Paulo:

No banheiro mal lavado do ônibus, quatro meninos se espremem assustados. Com nojo, medo e ansiedade, fazem de tudo para não esbarrar no outro. A porta se abre e apenas um é escolhido para sair. Os outros três ficam lá, de ouvido colado na parede fina. Dá para ouvir o vozeirão perguntando: qual é o ano do primeiro título do Corinthians? Em seguida, outra: quem marcou o gol no Campeonato Brasileiro de 1990? [...]

 

Fonte: https://siteantigo.portaleducacao.com.br/. Adaptado.

 

Texto III

A ignorância no futebol é a imagem do retrocesso da educação no Brasil |  Blog do Chico Maia

Fonte: http://blog.chicomaia.com.br/