Por que causas o jovem tem se mobilizado atualmente no Brasil?

As novas tecnologias ampliaram muito a capacidade de comunicação dos grupos sociais, que passaram a ter mais facilidade para se organizar. Os jovens, em especial, têm se destacado em vários lugares do mundo pela forte participação em protestos por causas diversas. No Brasil, o movimento estudantil já teve grande papel na luta por direitos sociais, principalmente durante os anos de ditadura, porém, um episódio recente dividiu a opinião da sociedade sobre os ideais que fundamentam os movimentos estudantis hoje. O fato é que, no dia 8 de novembro, setenta e dois estudantes foram detidos durante a desocupação da reitoria da USP (Universidade de São Paulo). A ocupação, em protesto contra a presença da polícia militar no campus, foi uma reação à detenção de três alunos que fumavam maconha no estacionamento da faculdade. Os manifestantes, no entanto, alegaram que o motivo dos protestos era político. O contexto político mudou, vivemos em um estado democrático e o acesso à universidade tornou-se mais popular. Nesse novo contexto, queremos que você analise qual é o papel dos movimentos estudantis. Leia os textos da coletânea e desenvolva uma dissertação argumentativa que responda a seguinte questão: Por que causas o jovem tem se mobilizado atualmente no Brasil?

 

Movimentos sociais

 

O termo “movimentos sociais” refere-se  a (...) formas de organização e articulação baseadas em um conjunto de interesses e valores comuns, com o objetivo de definir e orientar as formas de atuação social. Tais formas de ação coletiva têm como objetivo, a partir de processos frequentemente não-institucionais de pressão, mudar a ordem social existente, ou parte dela, e influenciar os resultados de processos sociais e políticos que envolvem valores ou comportamentos sociais ou, em última instância, decisões institucionais de governos e organismos referentes à definição de políticas públicas.

[Prof. Jorge Alberto S. Machado, USP, in Scielo Brazil]

 

 

Marcha da maconha

 

Folhapress

 

A marcha partiu do Largo São Francisco rumo ao viaduto do Chá, onde os manifestantes encontraram participantes do movimento Acampa Sampa (18/11/2011)

 

Movimento estudantil

Nas décadas de 60 e 70, o movimento estudantil universitário brasileiro se transformou num importante foco de mobilização social. Sua força adveio da capacidade de mobilizar expressivos contingentes de estudantes para participarem ativamente da vida política do país.

 

Dispondo de inúmeras organizações representativas de âmbito universitário (os DCEs: diretórios centrais estudantis), estadual (as UEEs: uniões estaduais dos estudantes) e nacional (representada pela UNE: União Nacional dos Estudantes), o movimento estudantil, com suas reivindicações, protestos e manifestações, influenciou significativamente os rumos da política nacional.

 

(...) A década de 60 presenciou as primeiras grandes mobilizações em defesa de reivindicações de caráter educacional. Na primeira metade dos anos 60, a chamada "Reforma da Universidade" consistiu na mais importante luta do movimento estudantil.

 

(...) De 1969 a 1973, a coerção política atingiu o seu ápice. Neste período, o movimento estudantil foi completamente desarticulado. A maior parte dos militantes e líderes estudantis ingressou em organizações de luta armada para tentar derrubar o governo.

 

(...) O período em que o movimento estudantil voltou a ter força coincidiu com uma mudança importante nos rumos da política nacional. Após a escolha do general Ernesto Geisel para a Presidência da República teve início a implementação do projeto de liberalização política, que previa a redemocratização do país.

 

O ápice da retomada se deu em 1977, ano marcado pela saída dos estudantes para as ruas. Grandes manifestações de protesto e passeatas públicas mobilizaram os estudantes em defesa da democracia. (...)

 

Ironicamente, no final da década de 70, apesar das principais organizações estarem em pleno funcionamento, o movimento estudantil universitário havia perdido sua força e prestígio político. Desde o final da ditadura militar, a importância do movimento estudantil tem declinado significativamente. Em 1992, o amplo movimento social de oposição ao presidente Fernando Collor de Mello fez ressurgir o movimento estudantil, mas apenas por um breve período.

[UOL Educação/História do Brasil]

 

 

Geração Coca-Cola

Quando nascemos fomos programados
A receber o que vocês
Nos empurraram com os enlatados
Dos USA, de nove as seis.

 

Desde pequenos nós comemos lixo
Comercial e industrial
Mas agora chegou nossa vez
Vamos cuspir de volta o lixo em cima de vocês

 

Somos os filhos da revolução
Somos burgueses sem religião
Somos o futuro da nação
Geração Coca-Cola

 

Depois de 20 anos na escola
Não é difícil aprender
Todas as manhas do seu jogo sujo
Não é assim que tem que ser

 

Vamos fazer nosso dever de casa
E aí então vocês vão ver
Suas crianças derrubando reis
Fazer comédia no cinema com as suas leis

 

Somos os filhos da revolução
Somos burgueses sem religião
Somos o futuro da nação
Geração Coca-Cola
Geração Coca-Cola
Geração Coca-Cola
Geração Coca-Cola

[Legião Urbana]

 

Saudades da ditadura

“O problema da moçada da USP é a saudade de um período que eles não conheceram. Nasceram com atraso. Daí a obsessão por fantasiar um entorno de repressão e obscurantismo contra o qual `resistir”.

 

A nostalgia da ditadura dilacera a moçada da USP especializada em ocupar prédios da Cidade Universitária.

 

“Abaixo a ditadura na USP”, dizia um dos cartazes expostos no prédio da reitoria durante o período em que ele esteve ocupado. Com a palavra “ditadura”, atirou-se sem economia no reitor, na Polícia Militar, no governo paulista.

 

Pobre meninada…

Depois que a PM, na madrugada da última terça-feira, acabou com a ocupação, os estudantes divulgaram um manifesto em que denunciavam a ação policial como “repressão sem precedentes”, realizada “na calada da noite” e “num clima de terror que lembrou os tempos mais sombrios da ditadura militar”.

 

“Clima de terror” é sempre bom invocar, e, se a ação se deu antes de o sol raiar, é de rigor aplicar-lhe essa clássica das clássicas expressões da literatura policial que é a “calada da noite”, mas… Pobre meninada – não adiantou caprichar na retórica. A operação da polícia, realizada no quadro legal de uma reintegração de posse, não produziu um mísero ferido.

 

[Roberto Pompeu de Toledo, revista Veja, 19/11/2011]

Fonte: https://educacao.uol.com.br/bancoderedacoes/por-que-causas-o-jovem-tem-se-mobilizado-atualmente-no-brasil.jhtm

 

Instruções:

ENEM - Texto dissertativo-argumentativo em prosa, construído na norma culta da Língua Portuguesa. (8 a 30 linhas)

EsSA - Texto dissertativo-argumentativo em prosa, construído na norma culta da Língua Portuguesa. (20 a 30 linhas)