Conflito Entre Gerações: Como Conviver em Família?

MAGALI HENRIQUES LEOTO

Vivemos num ritmo crescente das novas tecnologias. Entre as transformações causadas por elas, existem algumas rupturas entre as gerações. As pessoas mais velhas não entendem as atitudes dos jovens de hoje. Estes, por sua vez, consideram os mais velhos desconectados com a realidade do mundo atual.

Esse é o dilema de nossa famílias. Estamos numa época em que várias gerações convivem ao mesmo tempo e no mesmo ambiente. Isso acontece no meio profissional, nas universidades, nas igrejas e em casa. A maior expectativa de vida faz com que avós a pais fiquem ativos por mais tempo. Assim, aumenta o tempo de convivência com os filhos, netos e até bisnetos. Surge, então, o conflito de gerações.

É comum o pai cobrar do seu filho a postura dos seus netos: “Seu filho não vai casar? Ele já está com 23 anos! Eu nesta idade já tinha dois filhos e meu escritório de advocacia. Ele nem namorada tem...”. O filho responde: “Calma, pai, seu neto está focado em sua carreira profissional. Ele vai fazer um curso no exterior antes de casar”. “E o seu filho de 16 anos? Nem escolheu a sua profissão! Diz que quer ir fazer um estágio no Espírito Santo para salvar as tartarugas marinhas. Isso dá dinheiro?”

Poderíamos citar muitos exemplos para enfatizar que há um novo cenário. As fórmulas antigas de relacionamento não funcionam mais. Definir os adolescente como preguiçosos e alienados é muito simplista e não resolve!

Não há como ficar passivo e indiferente diante dessa realidade. Em algum momento os mais velhos terão de se envolver com as tendências oi serão envolvidos por elas. Não há mais como viver num mundo sem tecnologia e internet. Desde sua conta bancária, comprar no supermercado, estacionar o carro, comunicar-se com alguém por celular, e-mail, redes sociais, até acender um fogão, nosso cotidiano está envolvido pelo mundo virtual. O adolescente de hoje já nasceu dentro dessa realidade. É preciso conhecer e viver no mundo que seu filho vive. Mundo em que, aliás, você também vive!

A Classificação das gerações

A Sociologia defende diversos conceitos de geração, mas a concepção que trataremos aqui é a definição utilizada pela socióloga Débora C. Carvalho, que se refere “às transformações tecnológicas e a sua influência no comportamento, atribuindo um determinado perfil comum a um grupo, que os define e os diferencia. Muito utilizado pelo Marketing, Mídia, Moda e Ciências do Comportamento”. Há algum tempo uma geração era definida a cada 25 anos. Nos dias de hoje, uma nova geração surge a cada 10 anos. Elas se dividem em:

  • TRADICIONAL: Anos 20,30,40;
  • BABY BOOMER: Anos 50 e início dos anos 60;
  • GERAÇÃO X: Anos 70 e início dos anos 80;
  • GERAÇÃO Y: Fim dos anos 80 e início dos anos 90;
  • GERAÇÃO Z: Anos 2000;
  • GERAÇÃO ALFA: 2010.

CARACTERÍSTICAS DA GERAÇÕES

  • TRADICIONAL
  • Enfrentaram as duas Grandes Guerras.
  • Extremamente dedicados e leais.
  • Sacrificaram-se para alcançar seus objetivos.
  • Admitem recompensar tardias.
  • São práticos e formais.
  • Adaptaram-se às atividades rotineiras.
  • Gostam de regras e burocracias.
  • Respeitam hierarquias . Dever antes do prazer.
  • O trabalho traz dignidade ao homem.
  • BABY BOOMER

Jovens nascidos na época da “Explosão de Bebês”, fenômeno ocorrido nos Estados Unidos no final da Segunda Guerra, repetido nas guerras da Coreia e do Vietnã, ocasião em que os soldados voltaram para suas casas e conceberam filhos em uma mesma época. No Brasil, coincide com a época da ditadura militar, Jovem Guarda, Bossa Nova, Tropicália e festivais. São educados com disciplina e compromisso. São mais otimistas, puderam pensar na boa educação de seus filhos. Priorizam o trabalho, são morkaholics. Valorizam a ascensão profissional. Querem ser reconhecidos pela sua experiência. Buscam um emprego rentável e estável. Hoje ocupam cargos de diretoria, gerencias, chefias nas empresas ou são do comércio. Veem o surgimento da tecnologia, por isso têm dificuldade.

 

  • GERAÇÃO X
  • Presenciaram fatos históricos importantes e foram marcados por movimentos revolucionários. No Brasil, foi o fim da ditadura militar e o movimento das “Diretas Já”. Autocentrados e extremamente independentes. Orientados às ações e resultados. Comprometidos com os seus objetivos. Sua vida é dirigida a novos desafios. Têm certa resistência à inovação. Sentem-se ameaçados diante das gerações mais novas, com mais energia e ideias avançadas, principalmente a geração Y. Primeira geração a ligar com a era da informação.

 

  • GERAÇÃO Y
  • Tecnologicamente superiores. Consideram-se muito especiais. Necessitam de reconhecimento periódico. Desejam crescimento rápido e continuo em sua carreira. Necessitam constantemente de novas experiências. Fazem várias tarefas ao mesmo tempo: ouvem música, navegam na internet e falam ao celular. Autônomos e individualistas. Comunicação com frases curtas e diretas.

Não abrem mão de seus projetos. Preferem uma liderança por equipe, horizontal e de inclusão. Valorizam equipes mais abertas e transparentes.

São impulsivos, enfrentam sem medo autoridades. São fascinados por desafios e querem fazer tudo à sua maneira. Consideram o trabalho como fonte de prazer e aprendizado. Odeiam burocracias, controle e atividades rotineiras.

Gostam de horários flexíveis e atividades mais informais. Priorizam mais sua carreira e profissão em vez da vida afetiva.

 

  • GERAÇÃO Z
  • Características semelhantes à “Geração Y”, mais acentuadas. Tecnologicamente mais sofisticados. Chegam a um mundo conectado, veloz e globalizado. Sem fronteiras geográficas, desapegados das raízes e aceitam mais as diferenças e minorias. Imediatistas ao extremo (fast-food). Narcisistas com aparelhos de câmera frontal fotografam e filmam a sua própria imagem (selfies). Necessidade de autoexposição (redes sociais). Valorizam sua autoestima. Precisam ser reconhecidos. A vida sem “likes” ou “views” não faz sentido. Individualistas, mas empáticos, pois vivem em comunidades virtuais. Alienação, inércia, ansiedade, intolerância, atenção seletiva, resultados imediatos, julgamentos constantes, críticos, não perseveram e têm dificuldade de tomar atitude de mudança.

 

Superando a crise

O fato de as gerações conviverem num mesmo ambiente pode contribuir para amenizar a distância entre elas e as dificuldades que cada uma possui.

As novas gerações possuem muita informação, mas pouca profundidade. Precisam adquirir outro tipo de conhecimento, o pensamento crítico-reflexivo, algo em que a geração anterior pôde contribuir devido a sua vivência. Os jovens, por terem fácil acesso a todo tipo de informação e domínio da tecnologia, não podem desconsiderar o conhecimento dos mais velhos.

Os mais velhos, por sua vez, precisam ser humildes e aceitar a necessidade de se adaptarem à nova realidade, sendo menos resistentes e mais flexíveis ao novo e ao diferente.

Sugerimos algumas dicas para uma nova atitude nas relações familiares:

1. Troca de experiências
Os mais velhos (país, avós, tios, irmãos, etc.) precisam dos mais jovens: de sua energia, motivação, criatividade, informalidade, flexibilidade, rapidez, sua capacidade de fazer várias coisas ao mesmo tempo, sua visão de um mondo sem fronteiras, globalizando e do seus bom trânsito entre minorias.

Já os mais jovens precisam dos mais velhos: de sua experiência, vivência, maturidade, conhecimento, reflexão, bom conselho, exemplo, direção, esforço e resultados comprovados.

Veja os conselhos que Paulo orienta Tito a das aos jovens e aos mais velhos: “Encoraje os jovens a serem prudentes” (Tito 2.6); “Ensine os homens mais velhos a serem moderados, dignos de respeito, sensatos e sadios na fé, no amor e na perseverança” (Tito 2.2).

Uma nova forma de se relacionar
a) Maneira horizontal: não de cima para baixo. Com autoridade, mas sem autoritarismo. Com clareza da informação, explicando bem o que se quer. Sem ameaças ou coerção: “Faça porque eu estou mandando! Faça porque senão você vai ver o que acontece”. Afinal, você não está lidando mais com uma criança.

b) Inclusão: os mais jovens agora querem ser tratados como parte do time da família, querem ser ouvidos e respeitados em suas opiniões e ideais. Desejam dar sugestões nas soluções dos problemas da família.

c) Empatia: é preciso mais compreensão pelas diferentes ideias e visões de mundo. Entender que “pensar diferente” não é sinônimo de falta de amor, desrespeito e rebeldia.

d) Reconhecimento: elogiar quando o outro fez algo positivo. Reconhecer o que se fez de bom e não só apontar as falhas. Mostrar alternativas para melhorar a ideia. É preciso preparar uma geração de homens e mulheres que sejam adultos maduros e responsáveis. As palavras do apóstolo Paulo, proferidas ha tantos anos, é um desafio para os nosso tempos: “Quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino e racionava como menino. Quando me tornei homem, deixei pra trás as coisas de menino” (1 Coríntios 13.11).

É necessário que a família atual aprenda a “viver em conciliação”, extraindo o que cada um tem de melhor, vencendo o desafio nosso de cada dia, que é: “Como andarão dois juntos se não houver entre eles acordo?” (Amós 3.3).

*MAGALI HENRIQUES LEOTO é psicóloga, escritora, palestrante e membro da Igreja Batista de Água Branca em São Paulo. Casada com Sérgio Leoto, exerce com ele o Ministério Fortalecendo a Família.

Matéria retirada da revista Lar Cristão, Ano 28, nº 139, págs. 8-12.

Fonte: http://www.erasmobraga.com.br/conflito-entre-geracoes-como-conviver-em-familia

 

Dados os conceitos acima, redija um texto dissertativo-argumentativo em prosa, que esteja de acordo com a norma culta da Língua Portuguesa e envie-nos para correção.

Boa sorte!